Salvador, sexta-feira, 30 de janeiro, 13h 45 min. O ano é o corrente e a minha conta é com o Leão. Para honra-la escolhi a agência do meu banco, que fica no Shopping Barra. A fila terminava no último degrau da escada. Média de uma hora e meia para eu conseguir chegar à boca do caixa.
Na parede, sobre os idosos, sentados à minha direita, a Lei dos 15 minutos, impressa. Na minha testa, provavelmente, a palavra otário, porque eu jamais poderia provar que fiquei mais de 15 minutos naquela fila. O meu banco não disponibiliza senha para mim.
15 minutos de bocejos de espera depois, sem a fila dar um passo, uma senhora inicia um motim lá na boca do caixa. A fila ganha voz e ela começa a berrar e bater no balcão: “quero ser atendida! Quero ser atendida!...”, eu também queria. Eu e a torcida do Bahia. Mas continuávamos ali, juntos esperando Pituaçu chegar.
Ela alegava que o caixa do meu banco, que também era o banco dela, estaria dando preferência a fura filas. Coisas do Brasil. Vícios irremediáveis, ou melhor, malandragem incurável, visceral. O Brasil é dos espertos. O meu banco também é.
Mas voltemos à fila. Outra senhora apóia a líder da fila de cá e mais uma boca berra ali, outra acolá, um caixa pára em protesto, o outro segue o companheiro, vira movimento sindical, o gerente aparece e eu desapareço dali. Desisto daquela agência do banco que é todo meu e agora, de mais alguns milhões de servidores públicos que eram clientes do Bradesco.
Parto a milhão. Rumo até a agência do meu banco que fica no bairro da Graça. Era meu último dia para fazer o Leão sorrir. E aquela conta só poderia ser paga no meu banco. Uma pena. Dessa vez, a fila terminava na porta giratória e eu ainda era o último colocado. Eram 14h 23 min quando cheguei.
A Lei dos 15 minutos também estava lá, impressa, disfarçada entre uma persiana e a janela. E às 16h eu fui finalmente atendido. Honrei minha dívida com e Leão, já quase mordendo a própria orelha, porque o meu banco, mais uma vez, em mais um dia de pagamento dos seus novos donos, me fizera perder uma tarde inteira.
Mais uma vez, o meu banco colocara apenas 4 caixas atendendo uma fila enorme. Um deles só dos idosos. Mais uma vez, eu me senti enganado pelo banco que diz na mídia que é meu, da Maria, do João, seu e da torcida do seu time. O Banco Denorex. Aquele que parece nosso, mas não é.
Como a Lei dos 15 minutos, que parece Lei, mas não é, porque não funciona para todos os bancos. Apenas para aqueles que se comportam como empresas de verdade e nos tratam como clientes de verdade. Não é o meu banco.
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Gostei muito da fluência textual.
ResponderExcluirExcelente texto.
O de baixo deixei para comentar aqui também, igualmente excelente. Essa lei de 15 minutos, realmente é risível, outro dia eu passei por uma coisa interessante, cheguei no banco e requisitei uma senha(notei que a file me proporcionaria uma renda extra devido à lei vigente e ao tamanho da mesma) o gerente, ao ver que eu requisitara uma senha - também pelo fato de estar eu usando paletó e gravata - me chamou no canto e me atendeu preferencialmente. Ao sair, deixei a minha consciência de cidadão tomar de volta o lugar que por breves instantes esteve ocupado pelo "jeitinho brasileiro" me coloquei à frente da fila e perguntei: Algum de vocês pegou a senha? aqui disponibiliza a senha e a lei é de apenas 15 minutos de espera.
Creio que nesse momento eles se perguntaram porque eu usava um paletó e se arrependeram de me terem dado atenção especial.
Paloso, muito paloso.
MUITO BOA A MATÉRIA, ESTOU ENTRANDO COM UM PROCESSO CONTRA O BANCO REAL, ME DEIXARÃO DURANTE UMA HORA NA FILA, ENTÃO PEGUEI UMA SENHA COM O HORÁRIO DE ENTRADA NO BANCO QUANDO FUI ATENDIDA PEDI QUE A A TENDENTE AUTENTICASSE A MINHA SENHA com o horário de saída, em seguida colhi 2 assinaturas de pessoas que também espera vão como eu pelo atendimento, sai de lá e fui direto ao juizado de pequenas causas e agora estou aguardando quero só ver até onde as leis deste pais vai...
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
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ResponderExcluirOlá meu nome é "PERES" e gostei muito do texto e por isso resolvi comentar. O autor de fato deixou muito claro o intuito do texto e o que muito me prendeu ao mesmo foi a critica de forma irônica que de fato merece mesmo uma nota 10. Para deixar aqui também meu protesto... Moro em Montes Claros/ Minas Gerais, sou auxiliar de escritório e vou uma e/ou até tres vezes ao banco (Banco do Brasil), nunca, jamais eu sair do Banco com menos de duas horas. Outro dia fui ao banco peguei a senha 2hrs:27min e só sair do banco às 19hrs:45min. Fiz como a senhora do texto e até Chamei o gerente, avisei que eu tinha prova na faculdade, que eu estava até aquela hora sem almoçar o até ameacei de entrar com um processo, e o que eu ouvi foi: Processo, num tem gente não jovem, é assim mesmo. Você não vai ser o primeiro nem o milésimo a entrar com um processo contra o banco e não ganhar este processo. O jeito é você esperar e pronto!!!
ResponderExcluirNossa como tenho orgulho de ser BRASILEIRO, mas em horas como esta, este orgulho vira frustração e sei que o GRANDE sempre cala o PEQUENO!!! Mas até quando?
O dia que eu achar mais uns cinco corajosos, irei abrir um processo contra o banco aqui em Montes Claros...
Desde já agradeço pelo espaço e continuem comentando o texto que de fato é muito bom!