sexta-feira, 17 de abril de 2009

A situação chegou ao fundo do bolso

O verso desceu torto
Lapela abaixo
E parou perto
De uma lágrima.
Chegara ao fundo do bolso.
Um deserto
Sem credo
Nem cravo,
Onde outra lágrima,
Ainda flácida
Do último desgosto,
Evaporava.
Política senhora sem rosto,
Puramente acida,
Oleosa,
Covardemente áspera,
E zelosa
De um jeito danoso.
A mão que rouba
E não dá em nada
É a mesma que serviu sopa,
De graça,
Para velar promessas falsas.
São as novas remessas desviadas
Entre pedras, vidraças, CPIs inacabadas
E câmaras públicas superfaturadas.
São os novos contratos reda
E as velhas obras empreitadas.
É o larápio pego no flagra
Que sempre escapa da cela.
Veja o dono do castelo:
A casa do paloso caiu
E ele escapuliu ileso,
Tinha a imunidade Brasil.
Lá na banca do Congresso
Entre verbas, águias
E seções vazias,
Entre os recessos
E as histórias mal contadas,
A ordem perde o progresso,
O lobista recebe a mesada,
Veste um novo terno
E dá um nó na gravata.
Na nossa garganta
Uma coorporativa Pátria
Fica entalada,
Esperando o “tapinha” nas costas
Nas eleições próximas.
O futuro é temeroso,
Sem razões nem anseios,
É quase um grito sigiloso,
Antigo, nas mãos do meio.
Sem reforços,
Engatilhado, cheirado,
Tímido, silencioso,
Um pobre segredo leigo,
Íntimo do ócio penoso.
O menino iletrado,
Sem merenda nem recreio,
Tomba em mais um desfecho moço.
Recebe tiro no meio dos desejos.
Sem alma, dor ou medo nos bolsos,
Será mais um corpo morto,
Matando, aos poucos,
Um novo Governo
Que chegou ao fundo do bolso.

Um comentário:

  1. Muito bom, velho.

    Forte, impactante. Conciso.

    Muito bom mesmo, meus parabéns.

    Abraço

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